Fica aqui registrado minha pequena homenagem a um homem que não só acreditou em mim, como também me ensinou uma das mais importantes lições que tive na vida.
Ibsen morreu há alguns anos! Mas deixou uma grande lembrança comigo!
Meu texto original estava sendo editado e eu estava desesperada com as mudanças, com cortes, censuras de todos os gêneros e substituição de palavras, o que para mim era como se estivesse sendo alterada toda a alma do meu livro. Eram discussões diárias com a profissional que estava cuidando da edição e várias e várias reuniões com o editor chefe para acalmar os ânimos.
A profissional nunca havia ido a Paris, era totalmente contra a monarquia e por isto se sentiu no direito de cortar todo um capítulo onde eu descrevia as construções e épocas de cada rei. Cortou todos os capítulos onde eu contava sobre a parte feia da cidade (todas tem), porque um guia de turismo deve, segundo ela, conter apenas a parte bonita.
Mudava frases que achava coloquial demais (claro, não sou nenhuma grande escritora e a intenção era falar do jeito que sei) como "puxar conversa", ela trocou por "entabular conversação" e "coco de cachorro" ela mudou para "fezes de animais". Com muita negociação chegamos a um meio-termo para "necessidades das mascotes"...Enfim, não foi nada fácil para mim ver meu gênero e estilo sendo navalhado por uma estranha!
Nesta situação de extremo mal-estar, Ibsen me fala o seguinte: "- Cynthia, em toda conquista, há dores e prazeres. Não há como fugir disto!!"
Uso esta frase para cada momento de minha vida nestes últimos quinze anos!! Agradeço, pois, duas vezes meu caro editor! Pelo nascimento de meu livro e pelo grande ensinamento! Que os deuses (todos eles) te abençoem onde você estiver!!