Eu gostaria de saber se é possível fazer
a viagem com a minha filha. A Catarina tem 9 anos, é extremamente madura e bem
educada, fala 2 línguas fluentemente (português e francês) e tem o sonho de ir
ao Marrocos, por isso pensei em levá-la comigo.
Meu único receio é que ela é
cardíaca, usa um marca-passo e por isso temos alguns cuidados: não podemos
passá-la em detetores de metais e ela não come certos alimentos.
Se você
puder me dar mais detalhes e ver se é possível que ela vá eu lhe
agradeço.”
- ??
Em meus 18 anos acompanhando grupos, nunca
havia tido uma criança incluída. Experiência de riscos calculados? Zero. Será
que aguenta a caminhada? Será que aguenta ouvir histórias de séculos atrás,
sobre arte, moda? Será que ficará bem em meio a tantos adultos? Cardíaca?
Marca-passo? Restrição alimentar?
- ??
Permaneci assim por alguns
segundos...
Mas ainda bem que foram alguns segundos e logo
meu pensamento se transformou:
- !!!!!!!!!!!!!!
Realizar um sonho de uma criança? Why not! Que
chance!! Que sorte eu tenho!!
- Simmmmmmmmmm, Danielle!! É claro que a Catarina
pode vir conosco!!
Só tinha o detalhe de avisar ao professor,
verdadeiro mentor de nossos grupos e avisar a operadora, verdadeira responsável
pelo grupo. Nisso tudo, eu sou somente um elo que liga um lado ao outro, que
negocia entre as partes, que agencia o professor e que trabalha
lado a lado em parceria a com a operadora e ombro a
ombro com os guias locais, motoristas, concierges, garçons, seguradoras,
maleteiros. Ao embarcar, me torno mãe de todos. Sou uma faz tudo, mas que não manda em nada! Eu tinha que
conversar com os meus parceiros.
Fomos derrubando todos os obstáculos, me senti
uma bola de boliche, indo em frente e fazendo o possível para que os hotéis,
restaurantes, cia aérea entendessem do que se tratava e abrindo as portas ao
sonho de Catarina.
Tive certeza do que eu estava fazendo, quando a
mãe dela enviou a seguinte carta para nós:
“...A Catarina já surfou com golfinhos em
Cuba, já nadou com pinguins na Patagônia, já velejou em mar aberto na Grécia.
Quando decidi ter a minha filha, sim soube de seu problema intra útero, decidi
uma coisa muito maior: que nada seria um problema para ela. Que ela não viveria
em uma bolha e que não se sentiria diferente de qualquer menina de sua idade.
Acabou acontecendo o contrário, tenho uma filha tão aventureira e corajosa que
eu até me assusto...”
E assim, Catarina, de 9 anos, embarcou conosco
rumo ao desconhecido!
Perdemos a conexão em Casablanca, rodamos por 3 horas pelo aeroporto sem água e sem comida até entrarmos numa Van para mais 3 horas de estrada até Marraquexe e mais uma caminhada até o Riad, dentro da Medina.
Saímos quase todas as noites, dormíamos tarde, acordávamos de madrugada. Rodamos mais de 1.000 km pelas estradas do país.
Perdemos a conexão em Casablanca, rodamos por 3 horas pelo aeroporto sem água e sem comida até entrarmos numa Van para mais 3 horas de estrada até Marraquexe e mais uma caminhada até o Riad, dentro da Medina.
Saímos quase todas as noites, dormíamos tarde, acordávamos de madrugada. Rodamos mais de 1.000 km pelas estradas do país.
Naturalmente, muitos ficaram cansados, tiveram dores pelo corpo, dor de
cabeça, dor de garganta, indigestão....Mas, Catarina? Ela, não!
Obrigada por poder participar do seu sonho Catarina! Foi uma honra!
E depois de conhecê-la e do exemplo que você nos deu, eu lhe dei um
apelido:
Catarina, a grande!
beijos querida!!