por Msca Sca
Lembro de meu sétimo aniversário. Na data maravilhosa, cheia de presentes, da janela do ônibus, no rumo do Colégio, percebi sobre o asfalto, parado num semáforo da Rua Augusta, um Mercedes SL, preto, conversível. De tão fascinado, senti como se admirasse a icônica protagonista dos filmes clássicos: esfumaçada, incólume, distinta e desejada....desejo somente comparável ao que viria a sentir anos mais tarde quando da eclosão dos hormônios da qual não me livrei até hoje, digo, a paixão por automóveis.
Naquela
manhã de verão, atuei num ritual de passagem, ingressei no terreno dos prazeres
de segundo grau, os quais nos remetem ao objeto não circunscrito ao conjunto
“família-escola”. Deixei de ser menino no coração e disto de fato nunca me
apercebi.
Com o passar do tempo, queiramos ou não, somos aperfeiçoados como criaturas. A experiência nos disponibiliza o direito de usufruir de um prazer, este prazer, qualquer que seja, em razão do conjunto de conhecimentos que lhe é inerente, muito ao contrário de mundano e frívolo, é educativo e altamente intelectualizado. É forma de apuração da sensibilidade.
O enófilo é
fruto dessa mecânica assim como o cinéfilo.
O automóvel
excita tanto quanto os vinhos. É arte. Inerte na boca, todavia marcante ao
olfato, tato, visão, audição e sistema límbico. Desafia os sentidos e, se
adestrado com viés esportivo, se aproxima das atividades competitivas de
expressiva habilidade psicomotora. E detém um diferencial ímpar – o
desafio de jogar e preservar sua própria vida.
Portanto
gostar, apreciar o tema “automóvel” é mais, muito mais, que apenas se remeter
ao tráfego, ao meio ambiente e a segurança. É tudo isto e muito mais.
É comum
ouvir sobre a diferença entre homens e meninos (quanto ao preço de seus
brinquedos), mas nada dizem sobre a similaridade da paixão que despertam.
Será um
grande prazer, mais um, dividir minha paixão com os leitores deste blog.
Do Brasil
para o Mundo!