quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Marrocos para sempre! - لمملكة المغربية


Para aproveitar a experiência sensorial que o Marrocos oferece alguns pontos são obrigatórios observar e buscar em sua viagem.




HOSPEDAGEM 


A hospedagem dentro da Medina e em um Riad (antigos palácios residenciais). Aí mora o espírito do Marrocos.

Fora da Medina eles aproveitaram tudo o que os franceses construíram durante o tempo do "Protetorado" (1904-1956). Desde o idioma até os modelos de escola, hospitais, parte de um sistema de administração econômica e tudo o que pudesse ser utilizado por eles, ficou!


Porém, do lado de dentro das muralhas a vida segue igual: Em Marrakesh desde o século XII e em Fez  desde o século IX. De diferente mesmo, talvez, o número de antenas parabólicas nas casas. Eles adoram as séries americanas.
Antenas parabólicas nas casas da Medina de Fès (ou Fez)

GUIA MUÇULMANO 

Já que 98% da população marroquina é muçulmana será excelente um guia que lhe explique e conte os preceitos de seus costumes.

BANHO DE HAMAM
Obrigatório para os marroquinos, uma vez por semana.

ESPECIARIAS - Provar os pratos com especiarias que só existem neste reino.

UMA NOITE A LA MIL E UMA NOITES - Vestidos a caráter com as famosas Babuches, Kaftans, Djellabas, Pashminas, além de nos enfeitarmos com tatuagens feitas de hena.

NEGOCIAR - Negociar com o comércio local no Marrocos, onde os preços não são fixados e vão de acordo com a capacidade de negociação de cada um, também faz parte. Finalmente, ver de perto o trabalho dos artesãos que fascinam o imaginário de todos nós!


Coloquei tudo isto no pacote e aí sim, poderia dizer que estivemos no Reino do Marrocos!

O reino de 33 milhões de habitantes, maior exportador mundial de fosfato e que emprega 44% de sua população ativa na agricultura.

A apresentação dos lugares, aqui descritos, está na ordem cronológica dos acontecimentos:




MEDINA DE MARRAKESH

Chegamos a uma das entradas da Medina e descemos do ônibus para continuarmos a pé, já que o transporte permitido são lambretas, burros e bicicletas. As malas? Melhor mostrar em imagens como elas foram levadas até o riad:

"Alo Jamal"
 Extraordinário!
A chegada mais pitoresca que alguém poderia ter em seu hotel! 

Medina significa cidade murada (proteção medieval contra invasores). A de Marrakesh possui 19 km de muros de 9 metros de altura. Dentro da Medina, porém, não se vê nada muito além de paredões e estreitas ruelas. O conceito é não mostrar a beleza para o exterior.

Esta condição de nada mostrar do lado de fora é característica de preceitos religiosos e, muitas vezes, até filosóficos sobre a ostentação. Da mesma forma as residências não mostram a sua beleza do lado de fora.

As estreitas ruelas são cercadas de muros, de 9 metros de altura, todos da mesma cor (em Marrakesh, terracota) com pouquíssimas ou nenhuma janela! Apenas portas que nada dizem sobre o que há dentro. Muros altos e mudos, ruas estreitas como um labirinto.

Caminhando dentro da Medina para chegar ao Riad
Caminho para o Riad
O máximo que se vê de moderno são as instalações para ar condicionado!
Atenção ao telhadinho verde que saberemos sobre ele mais adiante
Grupo preocupadíssimo!
Foto: Danielle Jucá Silveira

Eu estava animada com a surpresa que os aguardava. Sim, estavam sob o efeito da recepção no aeroporto de Casablanca (contarei sobre isto em outra ocasião), cansaço das 3 horas de estrada e o mistério dos muros que nada dizem!

E, então, a descoberta do oásis: O encantamento e alívio no rosto dos membros do grupo foi inesquecível!
Aí, sim!
 foto de Ana Claudia Depetris 

A cerveja marroquina é tão ou mais forte do que a conhecida Heineken.

A bebida alcoólica no Marrocos é proibida e está relacionado a crime. Se quiser beber, uma cerveja ou um vinho, deve ser dentro de seu hotel ou em restaurantes licenciados para tal. 

foto: Ana Paula Carmona Maruyama
Foto: Riad Marrakesh via Marcos Cohen


Boas vindas com o ritual do chá de hortelã incrivelmente mais saboroso do que em outros lugares. A explicação, disseram, além do encantamento do momento, é o açúcar de beterraba!
O mesmo exagero em não mostrar absolutamente nada por fora há, no sentido contrário, em oferecer toda a beleza possível por dentro em detalhes de diferentes graus de tons, texturas, aromas, luminosidade!
foto de Ana Cláudia Depetris
Infelizmente não existem palavras adequadas para descrever tamanho fascínio que exerceu sobre nós e quão impactante foi esta descoberta. Até mesmo as imagens registradas não são capazes de ser fiéis e expressar o que somente nossos cinco sentidos podem registrar. Isto é pessoal e intransferível.

Os pouquíssimos quartos do riad são, completamente, diferentes um do outro em tamanho, cores, móveis, banhos, iluminação.... Cada um deles com sua própria personalidade e história.

Porém, como em qualquer construção, é possível que os seus cinco sentidos se encontrem o tempo todo com os cinco elementos: Mármore, Estuque (mistura de gesso com argamassa), Zellij (mosaicos), Madeira (cedro), Telhas verdes (cor que representa o Islã).

HOSPEDAGEM EM MARRAKESH: RIAD PALAIS SEBBAN IN MEDINA


Os cinco elementos todos juntos!
fotos; Riad Palais Sebban
Como descrito no começo deste post, os riads são antigos palácios residenciais, típicos de Medinas e que tem a fachada voltada para o interior e pátio interno. Pouco a pouco algumas famílias se mudaram  para fora da Medina e muitos palácios foram transformados em hotéis que, geralmente, levam o nome do dono que viveu ali.

No caso soube um pouco da história do Palais Sebban, graças a uma conversa com a atual proprietária: Seu pai comprou o riad que é administrado por esta família francesa.


A família Sebban, por incrível que pareça, é de origem judia. Foram convertidos ao islamismo e, como me contou a proprietária, ramos da família, que permanece judia e com o mesmo sobrenome, se hospedam no riad quando em visita ao Marrocos.

Seu pai, na verdade, foi comprando aos poucos alguns riads (creio que o Palais Sebban, hoje, seja feito por 5 riads acoplados) e fazendo as restaurações necessárias. Ele deixou registrado todo este trabalho em um belíssimo livro que descreve de onde veio a sua inspiração para o décor, em estilo Marroquino-Andaluz, citando suas fontes. Para quem gosta de arquitetura, história e arte  o Marrocos e o livro do Palais Sebban são puro deleite!



Contarei deste livro em outro post

O BANHO DE HAMAM
Bacia onde se pega a água da fonte para jogar no corpo do cliente!

Ritual da tradição marroquina, similar ao banhos turcos e romanos, consiste em ter a pele esfregada com o sabão negro.

Trata-se de uma pasta que contém azeitonas trituradas, óleo essencial de eucalipto, água e sal. O aroma é hipnotizante!

A pessoa é colocada em uma superfície de mármore em local com um pouco de vapor... Não chega a ser quente como uma sauna...

Depois de passar o sabão negro e esperar uns minutos no vapor, seu corpo é todo esfregado com uma bucha para a retirada de pele morta. É pra valer! Não é um banho para os fracos! Em seguida, ela passa sabonete comum, lava inclusive os cabelos e retira todo excesso de sabão com uma pequena bacia de cobre!

Momento esfoliação!




Em princípio pode parecer um tanto constrangedor outra pessoa lhe dar um banho, mas a questão aqui é experimentar o diferente, certo?

MERCADO DJEMAA EL FNA



Tudo o que li a respeito deste mercado foi pouco para o que vimos: Uma verdadeira loucura, patrimônio da UNESCO.

Todos os dias barracas de ferro são montadas, a partir de cinco da tarde, e a praça se torna uma grande feira.

Imagine uma feira de rua gigante, mais ou menos do tamanho de um estádio de futebol, com todos os tipos de barracas para comer qualquer tipo de coisa!

Bancas de frutas, banca de suco de laranja (já que Marrakesh é toda emoldurada por laranjeiras), gente cantando, dançando, fazendo mágicas, contando causos e é claro, os encantadores de serpentes com suas najas! Tudo junto e misturado!

O mais encantador de tudo isto é que são os próprios marroquinos que usufruem desta verdadeira explosão de sons, aromas, cores e sabores! É típico! Hora em que eles relaxam depois de um dia de trabalho.

Impressionante! Adorei!

Entendi também porque não encontrei grande variedade de imagens deste mercado na internet:

Os marroquinos não gostam de ser fotografados. É preciso acertar um valor para fotografar coisas e pessoas e isto demanda tempo, muito tempo. Logo, as imagens capturadas são feitas disfarçadamente e, no final das contas, esquecemos de registrar para aproveitar o momento de forma mais presente e entranhada, como diz Fernando Pessoa!

É preciso apenas "estar sendo"!
Então, fui! Adoro!
Tem lojinha que fica aberta à noite... 
Prove o autêntico Couscous marroquino! Sobremesa? Tente "Cornos de Gazela"
Apenas recomendo que não andem sozinhos para entrar ou sair da Medina à noite! A não ser que se conheça estas ruelas muito bem, fica difícil....:
    

Depois de premissas tão marcantes, repletas de contexto e significado, considerei o grupo:

Pra lá de Marrakesh 

"Primeiro estranha-se, depois entranha-se" - referiu-se Fernando Pessoa sobre sua visita!
Marrakesh
Foto: Ana Paula Carmona Maruyama
Portal Bab Agnaou - um dos 19 portões da cidade de Marrakesh

A cidade que tem como apelido de Cidade VermelhaPérola do Sul!


Contam que um médico disse, ao então sultão, que, devido aos 300 dias de sol forte na cidade, construções pintadas de branco fariam mal a vista machucando os olhos por causa do contraste. Assim, todas as construções da cidade foram pintadas de tom ocre e, até hoje, a cor obrigatória da cidade é a mesma, porém por motivos de estética e harmonização urbana.



Nenhum edifício possui mais de cinco andares (sempre o número cinco), nenhuma construção pode ser mais alta do que a Mesquita, que pode ser vista num raio de 25 km! A cidade tem suas calçadas repletas de laranjeiras carregadas de laranjas para seus 900 mil habitantes!


JARDIM MENARA

Repleto de oliveiras e tamareiras. Há também um lago artificial utilizado para regar os pomares e árvores do jardim. Este lago é alimentado por um moderno sistema hidráulico que traz a água da Cordilheira do Atlas a 30 km dali (o que nos deixou mortos de inveja). Está repleto de carpas alienígenas (só pode ser, gigantescas).

Traje típico masculino, completado com sua babuche e seu chapéu fez!
Ao fundo do jardim é possível, em dias claros, avistar a Cordilheira do Atlas. É, quem diria, uma visão destas, na África:

Wikicommons
MESQUITA DE MARRAKESH - Koutoubia


 É daqui que saem as cinco chamadas do dia para as rezas em alto-falantes espalhados pela cidade.


Seu Minarete, de 77 metros de altura, pode ser avistado por qualquer um dentro da cidade.

Construído no século XVII por cima de uma antiga mesquita que, constatado através de escavações, não estava alinhada, adequadamente, para Meca.

Marrakesh

Koutobia, do árabe, quer dizer bibliotecário ou livreiro. Na época de sua construção havia por volta de 100 comerciantes de livros ao redor e por isto o nome!

Infelizmente é tudo! O maior e mais emblemático monumento de Marrakesh não pode ser visitado pelos infiéis!

Mas um pedacinho da última chamada do dia eu registrei! Escute aqui!

TÚMULO DOS SAADIANOS

Eles são respeitados e cultuados por terem transformado Marrakesh em capital do país enquanto reinaram, entre 1509 e 1659!
O caminho até os túmulos é bem estreito
Mas vale a pena!
PALÁCIO BAHIA

Leva o nome da preferida do Grão Vizir, dono do palácio na época. Ele tinha quatro esposas e vinte e quatro concubinas. Bahia, a preferida, parece que tinha origem Berbere (marroquinos do Saara, povo de origem nômade - são considerados a tribo mas antiga da África) pelo tipo de pintura de seu dormitório, um pouco diferente do restante do palácio.

O dormitório dela também possui grades. Imagine o ciúmes das outras 27? Acho que a moça corria perigo!
Sempre os grandes contrastes!
Tetos trabalhados
Trechos do Alcorão nas paredes.
O Palácio foi construído, em 1866, em um espaço de oito mil metros quadrados. Pertenceu a um escravo que tornou-se camareiro-mor do Sultão e depois Grão-Vizir. Seu nome era Si Moussa. Depois de sua morte, o palácio passou para o seu filho que, também, foi camareiro-mor e Grão Vizir. Era conhecido como Bou Ahmed.

A construção é considerada um dos mais lindos exemplos da arquitetura marroquina (árabe-andaluz).


É possível visitar uma parte do que seria o harém do Grão Vizir: Pátios, fontes e detalhes do cedro pintado e esculpido, a riqueza dos mosaicos e seus tetos reproduzindo flores, estrelas e mandalas (a religião muçulmana não permite a reprodução de figuras humanas ou de outros animais).


Durante o protetorado francês (1904-1956), os nomeados pela França como os responsáveis pelo país, chamados "residente geral", utilizavam este palácio como moradia, já que o Grão-Vizir Bou Ahmed morreu no ano de 1900 e sua família foi expulsa do palácio! Sim, todas as esposas, concubinas e filhos!

O atual rei do Marrocos ainda se hospeda no local quando de passagem pela cidade.


Nosso guia nos conta um pouco mais sobre o capricho de detalhes nos tetos dos antigos palácios, pois um homem ao chegar cansado de um dia de trabalho geralmente quando se senta, respira fundo e olha para cima. Bem, ao fazer isto em sua casa encontrará sempre o belo!

OS SOUKS

Assim como há escolas, moradia, fornos, fontes dentro da Medina, há também os mercados que são chamados de souks e ali é onde suas forças serão testadas. Negociar com um árabe? Deus!!  Quero dizer, Alá!!

Para quem não faz o seu próprio pão nos fornos comunitários é possível comprar um destes por 1 centavo de dólar, ou seja, ninguém fica sem pão no Marrocos.

Ela não conseguiria correr atrás de mim para reclamar a foto tirada. De qualquer forma, tenho certeza de que ela não será reconhecida e nenhuma amiga dela entrará em meu blog!

A CASA DE YVES SAINT-LAURENT E O JARDIM MAJORELLE

O que são aqueles cactus e suculentas gigantes? Provavelmente seja por conta do Saara e foi uma das imagens mais marcantes que tive!



O jardim leva o nome de seu criador, o pintor francês Jacques Majorelle (1886-1962) que, além de pintor, era botânico.

Trouxe para o seu jardim (que levou 40 anos para ficar pronto) plantas exóticas dos quatro cantos do mundo. Pouco antes de sua morte, o jardim já estava abandonado até ser adquirido pelo estilista Yves Saint-Laurent e seu parceiro Pierre Bergé (responsável até os dias de hoje por manter o jardim). Há uma passagem para a casa deles, infelizmente, trancada!

Para quem já ficou boquiaberto com os jardins de Monet, certamente terá o mesmo espanto por aqui. Mais uma vez, o que vale mesmo são as imagens:




Outro fator marcante é a casa construída pelo pintor em estilo art déco, com um tom tão vivo, tão vivo e chocante de azul, que foi batizado com o nome de seu criador: O Azul (Bleu) Majorelle contém toques de roxo na mistura e dizem que acalma o ambiente.

Nesta casa hoje funciona o museu destinado a cultura Berbere.

A TRADIÇÃO DOS GATOS!

Eles estão por toda a parte e são respeitados por todos. Nos riads, hotéis, ruas das medinas, monumentos e até mesmo nos aeroportos há sempre algum gato cruzando o seu caminho.

Segundo o nosso guia, a tradição diz que: "Onde há gatos, há comida e não há ratos"!
Yala
Gato na porta da Medersa de Fès
Quanto aos cães, devo ter visto uns 3 ou 4 no máximo. A tradição diz que quando um cachorro late, os anjos fogem! Por isto, muitos evitam ter um cachorrinho.
Gatos do Jardim Menara - Marrakesh
TATUAGENS DE HENA
Um adorno típico, lindo, charmoso e até mesmo sexy para aquelas que se cobrem tanto. Optamos pela hena marrom. Apesar de ficar bem clara na pele, não há o perigo de uma eventual reação alérgica com a negra.



Foi uma farra! Há muitas mulheres que puxam o nosso braço na Praça da Medina, portanto, optamos por uma recomendada pelo hotel. Infelizmente nossa artista de tatuagens em hena somente falava árabe. 

Não, não havia um caderno com tipos de desenhos para escolhermos. Ela simplesmente pegava o braço de cada uma e criava a medida que aplicava a hena.

Diferentes modelos tem um significado dependendo da cultura. Os desenhos podem significar boa saúde, fertilidade, sabedoria, proteção, iluminação espiritual...

Para que a pele fique marcada pela hena, não se pode lavar durante 24 horas (!!!!!!!!!!!!)!! Só que não!!

A hena vai secando e caindo em pedacinhos, que peninha!

Resultado final!

OS CINCO PILARES DO ISLÃ


A religião influencia todo o sistema de vida da maioria absoluta da população que porém, aceita e respeita outros credos.

Assim como a bandeira do país, com uma estrela de cinco pontas, cinco são os mandamentos do islamismo que mais ou menos os ocidentais conhecem, ao menos alguns deles:

Alá e Maomé/cinco rezas/ramadã/dízimo/peregrinação a Meca
Mas o que eu não sabia é que em toda Medina há os cinco elementos em cada bairro:

1 - A mesquita para as orações em conjunto;
2 - A escola para estudar o Alcorão - Medersas;
3 - O forno comunitário para que todas as famílias assem o seu pão - Faram;
4 - Uma fonte para beber;
5 - Um casa de banho -  Hamam

Na arquitetura os cinco elementos também estão presentes. Em todas as construções são usados cinco materiais em conjunto:
1 - Mármore;;
2 - Estuque - mistura de gesso com argamassa
3 - Azulejos - na verdade os mosaicos;
4 - Madeira - Cedro do Atlas;
5 - Telhas verdes - cor do Islã (esperança);
Se reparar em todas as fotos de construções, deste post, irá perceber os cinco elementos.

Um dos símbolos sagrados é a Mão de Fátima com os cinco dedos apresentados simetricamente

Mão de Fátima

Próxima parada:

RABAT - CAPITAL DO MARROCOS

Moderna, apesar de guardar a tradição árabe e os traços do protetorado francês, com seus edifícios art nouveau. A mistura de tudo confere uma receita bonita, arejada, interessante e, sobretudo, elegante, até porque tudo que é banhado pelo oceano, para mim, tem um encanto a mais! Rabat é tudo isto.

Aqui mora o rei Mohamed VI e sua linda e ruiva esposa, que faz questão de não cobrir a cabeça e mostrar seu lindo cabelo cor de fogo!
Muralha da Medina de Rabat
A muralha que separa o presente do passado!


Almoçamos a beira mar e fomos visitar o Mausoléu do Rei Mohamed V - avô do atual Rei Mohamed VI. 

O Mausoléu de Mohamed é vigiado por guardas e cavalos que parecem estátuas! Não, não tentei nenhuma graça!
Não sei o que ela pretendia, mas não ia deixar passar em branco!

Ele evita contato visual.
Oceano Atlântico banhando a capital do Marrocos. Seguindo um pouco mais ao norte está o Estreito de Gibraltar que separa a Atlântico do Mediterrâneo, chegando pela cidade de Tanger que está a 14 km da Espanha!  

Fez/Fès

A cidade mais antiga do Marrocos que foi a sua primeira capital, hoje é Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO. Possui a Medina e a Mesquita mais antigas da África e uma das maiores e mais antigas universidades do mundo que se transformou em uma imensa biblioteca.

Na cidade de Fès (em francês) nos hospedamos fora da Medina que é 10 vezes maior que a de Marrakesh com nove mil ruelas...Perder uma das alunas ali? Melhor não!
 Hotel Palais in Medina
Apesar de ser um hotel de luxo tradicional, cinco estrelas, o grupo se sentiu incomodado e deslocado com o número de pessoas, o barulho, a falta de ambientes e atendimento intimistas como em um Riad, o que me fez refletir sobre o sentido de "luxo".

Mas ainda assim, acredito que tenha sido bom respirar os "ares" ocidentais para sentir o contraste!

Para não perder o encanto claro que os levei para jantar em um Riad dentro da Medina! Só que desta vez com a condição de todos se vestirem a caráter.

Para a visita a Medina de Fez (Fès), nosso guia nos apresentou Abdul para nos contar sobre a Medina e seus costumes.

Na verdade ele mais parecia um grande líder espiritual da Medina. Todos conheciam e reverenciavam Abdul, que possuía um calo bem aparente e preto no meio da testa de tantas vezes que rezou. Vestia o traje típico, djellaba.

Um entusiasta da vida na Medina e de sua religião.

Este é o principal portão de entrada para a Medina de Fez que do lado de dentro é verde (cor do Islã) e do lado de fora é azul (cor da cidade de Fès)
Abdul preparou  nosso espírito para a visita para se compreender e aceitar toda a complexidade da maior Medina do mundo! Sua dureza, rudeza, aspereza junto a sua suavidade, leveza e encanto.

Uma viagem através do túnel do tempo nos remeteu a Idade Média. Por dentro desta muralha, o tempo parou para 300 mil pessoas!

Muralha da Medina de Fès
Explicações de Sidi Abdul
O mesmo portão do lado de fora da Medina em azul!
Placas para que você se oriente. 
Este senhor sentado em cima do muro é um dos mais antigos sapateiros da Medina de Fès. Ele atende ali mesmo e esta é a minha foto predileta que tirei em toda a viagem!! 

Este é o Abdul, na porta da Universidade mais antiga do mundo, segundo o Guiness. Al Qaraouyine foi fundada por uma mulher, Fátima al-Fihri no ano de 859! 

Proibida a entrada de infiéis (não muçulmanos), mas é possível espiar se a porta estiver aberta. 


Medersa Bou Inania
Entrada da Medersa Bou Inania

Considerado um dos monumentos mais magníficos do país. Foi construído, no século XIV, pelo Sultão Abou Inan. É a única Medersa que possui um minarete em Fez. A madrassa se tornou uma das instituições religiosas mais importantes do Marrocos.  Um dos poucos lugares que permite a entrada de infiéis.



Forno comunitário. Cada família faz uma marca para reconhecer o seu pão

Eles entre nós e nós entre eles! Assim que eu gosto!

Eis que alguém precisa ir ao toalete...
 ... E encontramos um surpreendente exemplar! Assim é a Medina... Repleta de contrastes!


Visitamos os curtumes e de fato, não dá para aguentar o odor. Peles de camelo e ovelha recém- abatidos, misturados a fezes de pombos para curtir o couro são, insuportavelmente, fedidos, ainda que entremos preparados com um buquê de hortelã no nariz. Nunca senti nada igual, não é possível descrever este odor!


Não aguentei ficar por muito tempo e aguardei o grupo do lado de fora. Minhas pernas ficaram bambas e minha pressão caiu.

Para mim, foi uma cena de horror absoluto, mas que, felizmente, nosso guia Abdul soube preparar o nosso espírito para esta realidade brutal!

Tomara que um dia eles comecem a comercializar o couro vegetal! Além de ser produzido sem sangue, morte e fezes é bem mais cheiroso! Na tecelagem marroquina já utilizam seda vegetal!


Estilo Americano até no Marrocos

"Sabe de nada, inocente!"

Sim, você visita uma olaria e na saída há uma lojinha. Você tem uma aula sobre as ervas medicinais, sobretudo o famosíssimo óleo de Argan e na saída a lojinha. Tear? Lojinha....

Faz parte! Sim, me senti, em alguns momentos, com a sensação de que paguei muito, mas muito mais do que realmente valia aquilo tudo! Mas, quem resiste em não trazer um pedacinho do país para casa?
O trabalho é incrível, criado na hora pelo artesão!


Você pode trazer um tapete, uma luminária, sabão negro, especiarias, pratos coloridos, o óleo de Argan, tâmaras gigantescas, tecidos de mil e uma noites, ouro, muito ouro (lembra da novela O Clone?)....!

Ou então, use a regra dos viajantes: "... Nada se tira a não ser fotos, nada se leva a não ser lembranças, nada se deixa a não ser pegadas, nada se transforma a não ser sua alma!"

MIL E UMA NOITES NO PALAIS AMANI 


crédito Palais Amani
Nossa noite como Sherazade rendeu! A começar pelo feliz encontro com os donos do Riad.

Eu procurava, insistentemente, por um Riad em Fès, enquanto ainda desenhava o roteiro, mas sem muito sucesso! Eis então que uma prima compartilha, no Facebook, um artigo sobre um Riad em Fès, comentando que os proprietários foram seus pais de intercâmbio quando ela morou em Londres!!

Coincidência? Sorte? Destino?



A minha é a única que ela pintou o dedo indicador....? foto: Lara Libório

Eu e Jemima (a proprietária e mãe inglesa de minha prima) nos tornamos cúmplices e best friends forever para combinar o jantar!

E assim, já no Marrocos, retornamos a Medina de Fès à noite para enfim, chegarmos ao Riad dos pais de minha prima (?!)...Quem foi que disse que este mundo é pequeno?

Amani vem da palavra árabe "desejo". A ideia dos proprietários é mostrar que eles podem ir além!
E foram mesmo!



Em 2012 o  Palais Amani foi o sétimo mais votado no Trip Advisor, como o melhor hotel do mundo e o terceiro melhor da África. Seu restaurante também foi votado como o melhor de Fez/Fès!

Único hotel recomendado pela coleção Mr. and Mrs Smith Hotel. Listado pela Andrew Harper Travel, Abercrombie and Kent e recomendado pela Condé Nast Traveller e American Express!!
Ruelas do riad à noite!
Ainda mais lindo do que nas fotos!
Nosso jantar a la Sherazade!
Azami a caráter com seu de traje de gala!
O Palais Amani é considerado o maior riad da Medina de Fez porque é uma construção de um bloco único, diferente de outros que foram juntando vários edifícios. Trata-se de um imóvel do século XVII. Parte dele foi destruído em um desmoronamento e no início dos anos 20 foi restaurado, sendo possível perceber toques art déco integrados ao estilo árabe.
Fotos: Palais Amani

A HOSPITALIDADE MARROQUINA

Fomos cercados durante toda a viagem pelo nosso guia, o motorista de nosso ônibus, o segurança do ônibus e o guia local da Medina de Fez. Eles todos são encantadoramente gentis. Também os garçons do restaurante de nosso riad em Marrakesh e os proprietários do riad de Fès foram fantásticos!
Nosso guia Azami em grande estilo!
Nos souks há de tudo: Dá para encontrar vendedores simpáticos, mas parte deles é um pouco agressiva, principalmente se você perguntar o preço de alguma coisa e não comprar. É um pouco estressante!

Eu acho legal andar com um guia. Isto não quer dizer que não dê para ir sozinho. Claro que dá! Digo isto porque o guia é um contador de histórias e isto faz parte do show! E quando você se cansar dos vendedores, ele ajuda a se livrar deles rapidinho!

BAGAGEM NA MEMÓRIA E NO CORAÇÃO

نتلقاو
Marrocos é um outro mundo, com uma encantadora e atraente diferença que nos marcou definitivamente.

Apesar de guardarem suas tradições, eles conhecem a cultura do ocidente, já que foram colonizados por espanhóis, portugueses e franceses (este último ate 1956), portanto, convivem bem com estas diferenças, além de serem africanos e árabes ao mesmo tempo.

É claro que volto sempre diferente de cada viagem que faço, com um novo olhar, um novo ensinamento, mais bagagem, experiências e lembranças em minha memória!


Medersa Bou Inania
Porém, desta vez, voltei com uma bagagem mais pesada do que a de costume.

Pesada, quero dizer, com uma sensação mais forte! Como as suas especiarias, seu sabão negro, sua esfoliação no Hamam, seu odor do curtume, seus paredões mudos, sua beleza desconcertante nos interiores. Fortíssimo!

Uma bagagem na memória marcada a ferro e fogo! Sim, há este tom dramático durante toda a estadia!

Cruzar o olhar de mulheres que se cobrem não me tirou a cumplicidade da espécie, ou me fez julgá-las de alguma forma, ao contrário, expandiu ainda mais a minha consciência sobre o respeito a diversidade e pluralidade.


É uma viagem bonita, surpreendente, mas em alguns momentos, difícil! Você nunca mais verá o mundo com os mesmos olhos!

Geralmente eu consigo redigir sobre algum lugar em algumas horas, mas este, em específico, tive e estou tendo dificuldade em encontrar palavras e imagens que sejam capazes de traduzir a força e a marca deste exótico reino que, acredito, viva na imaginação de todos nós!

No dormitório da preferida, Bahia, bien sür!
Ganhamos nossos nomes escritos em árabe do maître do restaurante do riad em Marrakesh. Ele nos nos atendeu, todas as noites, com um largo sorriso!

- "Shukram, Hichan!"

Cynthia, escrito em árabe!


Este post teve a colaboração de fotos tiradas por alunas integrantes do grupo. O nome delas está assinando em cada imagem que expressa o sentimento que cada uma teve desta experiência!

Shukram Lallas!

Leia também: Marrocos e o sonho de Catarina!

Reserve estes riads maravilhosos por aqui!



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