quarta-feira, 27 de maio de 2015

Rive Gauche e o Quartier Latin!


"A mais honrosa das ocupações é servir o público e ser útil ao maior número de pessoas." Montaigne

O Quartier Latin é o bairro mais famoso de Paris. Eh, Oui!! O mais antigo também!

Que tal umas dicas de viagem?
Antes de tudo, um bairro histórico, com mais de dois mil anos para contar.

Sua fama não vem de sua idade e sim por conta da grande concentração de estudantes que, entre 1960 e 1968, fizeram grandes manifestações. 

Vasto para quem quer ver tudo de uma vez. Pequeno para quem necessita degustá-lo.

Sim, você se sente dividido. Olhar tudo, percorrer tudo ou sentar em um café qualquer e observar a vida sendo?  Andarilho ou gourmet? Melhor encontrar mais tempo.

Quartier Latin compreende todo o bairro (arrondissement) 5 (Saint Michel) e parte do 6 (Saint Germain), na Rive Gauche (margem esquerda) da cidade.

Sua história tem início no ano 52 a.C. quando os romanos conquistam as terras que eram dos Gauleses. Fundaram a Vila de Lutèce que hoje pode ser reconhecida através de sua arena e de suas termas, exatamente como foram deixadas. 

A atual rue Saint Jacques é a mais antiga de Paris. Outras também compõem a região, menos antigas, mas com o mesmo grau de celebridade:

Rue Dante - Sim, antes de escrever a Divina Comédia o autor viveu no Quartier Latin enquanto era estudante no século XIII); 

Rue Huchette  - Conhecida pela animação, pelas tavernas medievais, além de ter tido um ilustre morador por quatro meses em 1795: Napoleão; 

A Praça Maubert  - Com sua triste memória, pois foi uma praça de execução na Idade Média onde centenas de Protestantes foram queimados vivos;

Rue Du Chat Qui Pêche - Além de seu curioso nome (rua do gato que pesca), é a mais estreita de Paris, com 1,80 de largura.; 

Rue Galant  - Conhecida como antiga rota medieval dos romanos...

Finalmente a Rue Mouffetard  - Pitoresca, com seu comércio mais pitoresco, onde se vende de tudo um pouco. A origem do nome da rua, uma das muitas, vem da palavra "mofette" (odor insuportável), já que o local já era um mercado a céu aberto e foi acumulando a sujeira ao longo dos séculos. Não, não é mais! 

Estas dicas de ruas do bairro são por mera curiosidade. Sempre é bom saber um pouquinho mais sobre o local da visita, ainda que não percorra todo o bairro.


Paris recebe este nome apenas no ano 310, que dizem ser, abreviação do termo Civita Parisiorum, em latim, uma referência aos primeiros habitantes, chamados de Parisii, que se encontravam nesta região antes dos romanos.

detalhe museu da idade média


  Outros traços medievais podem ser vistos no Museu do Clunny que fica na região.
A Dama e o Unicórnio - Esta é uma das 6 peças, datadas do século XV, que interpretam os nossos 5 sentidos. Estas tapeçarias são consideradas um dos grandes trabalhos de arte da época Medieval 
Entrada do Museu de Cluny

O nome ou apelido "Quartier Latin" deve-se a suas inúmeras instituições de ensino, concentradas na região, onde as aulas eram ministradas em latim.

     
 A essência do bairro, na verdade, tem início em 1253 quando foi fundado, por Robert de Sorbon, o Colégio de Teologia que se transformou na mais antiga e famosa universidade de Paris: La Sorbonne.

Estátua de Montaigne em frente a Sorbonne
Eu acredito que o que atrai mesmo é a mistura de seu ambiente informal e despojado, o frescor da juventude que vive por ali, a curiosidade e alto astral dos turistas e as centenas de restaurantes, bares e cafés que ajudam a manter o espírito local, harmonizando-se, perfeitamente, aos vestígios de Lutèce


A grande dica de viagem é perder-se pelas ruas.

Eu morei por aqui, bem no coração do bairro, na rue de la Harpe onde eu podia ouvir o movimento alegre e sentir os aromas dos restaurantes da minha janela.

Vista da rue de la Harpe a partir de meu studio

Outros pontos encantadores são as ruelas estreitas, que permeiam prédios dos séculos XII e XIII, e o colorido do comércio local.


As inúmeras livrarias também compõem o ambiente do bairro, como é o caso da célebre Shakeaspere and Co., ponto de encontro de todos que visitam a região. Apesar de ser minúscula oferece raridades absurdas lá dentro!

Vitrine da Shakespeare and Co.
Curiosamente, a livraria troca hospedagem por ajuda na arrumação dos livros!!! Qualquer hora eu me candidato!


A proximidade com o rio Sena, que margeia o distrito, traz um ar refrescante e charmoso que rega as cerejeiras e promove uma brisa ao trabalho dos famosos Bouquinistes. Eles ajudam a compor e animar a região. Os Bouquinistes são vendedores de livros antigos. A história remonta ao ano de 1530, quando os jornaleiros não podiam ter uma loja para vender seus produtos e decidiram armar barracas às margens do Sena, o que acabou se tornando uma tradição e um dos principais elementos que compõem a identidade do bairro.

Bouquinistes
bouquinistes
Praças, pontes, jardins, museus, vestígios, universidades, tudo emoldurado por cerejeiras, pequenos restaurantes charmosos e pessoas bonitas.




O bairro também é um local de contrastes arquitetônicos...

Um monumento a ser observado é o Panthéon, construído sob o reinado de Luis XV, no século XVIII, para ser uma igreja, mas que, por fim, tornou-se, em 1885, o mausoléu de grandes homens como Voltaire e Victor Hugo.

http://www.monuments-nationaux.fr/

A construção tem em sua composição inúmeros estilos arquitetônicos que contam a sua história e mudanças de sua finalidade ao longo do tempo.
Lá também se encontra o pêndulo de Foucault, conhecido como instrumento que prova que a Terra gira.

Outra construção, mais do que interessante, é a do Instituto do Mundo Árabe. Um edifício de 1987, que tem sua fachada premiada e intrigante. Seu estilo mistura a arquitetura moderna a elementos da cultura oriental, mas, além disto, milhares de aberturas e orifícios, que imitam exatamente o diafragma de uma câmara fotográfica e de nossos olhos, estão dispostos em toda a sua extensão controlando a entrada da luz dentro do edifício.

Além da curiosidade de sua fachada, o Instituto do Mundo Árabe oferece mais uma opção de vista de Paris, no topo do edifício, além de um restaurante, lanchonete e diversas exposições temporárias.

Embora não haja, necessariamente, a obrigação de se visitar, formalmente, nenhum lugar e sim ter a intenção maior de apenas "flanar" pelo bairro, há a possibilidade das visitas ao Panthéon, ao Instituto do Mundo Árabe, ao Museu Medieval du Cluny, a Arena e Termas de Lutèce e ainda ao Jardim de Luxembourg. Os links destes lugares estão ao final deste post. 


Destaque para as igrejas de Saint Sevérin, datada do século XI, destruída pelos Vikings e reconstruída no século XIII e a Saint Julien le Pauvre que data do século I, destruída pelos bárbaros e reconstruída em 1240.









Há os jardins, com uma atenção especial o Jardim de Luxemburgo. Trata-se de um jardim, de 250 anos, que mistura os estilos de jardim à francesa e à inglesa. Antiga residência de Maria de Médicis abriga o Senado francês. Lá dentro, bem escondidinha, está uma das réplicas da estátua da liberdade, em tamanho pequeno!  

Dica escondida: Em outro jardim há também uma célebre moradora, a árvore mais antiga de Paris, que tem mais de 400 anos, firme e forte, contemplando a Notre Dame.


Não faltam lojinhas de souvenir para os turistas, além de ser bem servido pelo metrô, táxis, bicicletas... A animação é feita com cafés e bares com música ao vivo, papelarias dos estudantes, roupas com preços bem atraentes, restaurantes com menu para estudantes...


À noite é possível visitar outro Cabaré,  Paradis Latin, com um show excelente em uma construção interna foi feita com o mesmo ferro forjado utilizado na Torre Eiffel.

Comida japonesa, chinesa, tailandesa, grega, francesa, italiana, fast e slow food, sempre regados a um bom vinho. Bistrôs e Brasseries não faltam por aqui.


Sentar e olhar. Olhar e andar. Andar e flanar. Flanar e comer. Comer e degustar. Degustar e explorar. Explorar e ser. Ser e estar!






Pont de l'Archevêché
Não, aqui não é a Pont des Arts, tão famosa por ter tantos cadeados presos a ela. Mas funciona também como tal, desde 2010, quando a outra lotou com cadeados.

Explico: Os casais apaixonados compram um cadeado, colocam suas iniciais nele e trancam na ponte, como símbolo do amor eterno. Recentemente, os cadeados da Pont des Arts foram retirados. Enferrujaram e pesaram demais tornando-se até perigoso.

Teve gente que aplaudiu o fim dos cadeados. Outros lamentaram.


Esta ponte, de 1828, liga o Quartier Latin à Île de la Citè. Diferente da Pont des Arts,  para pedestres, esta também é utilizada por carros, além de ser mais estreita da cidade.

Bebedouro
Cadeados na ponte em Paris 
Estudantes, imigrantes, turistas e nativos se harmonizam entre si, aferindo todo o charme despretensioso e a grande riqueza deste pedacinho de mundo dentro do mundo.

Fodors.com
Fotos: Cynthia Camargo

Lista de links aos interessados:
Museu da Idade Média
Panthéon
Instituto do mundo árabe
Jardim de Luxembourg
Livraria Shakespeare & Company
A Árvore Mais Antiga de Paris e a Igreja Saint Julien le Pauvre
Arenes de Lutéce

Quer saber mais? Compre aqui o mais completo e divertido guia da cidade!

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