quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Marais - o bairro trendy de Paris!


Bienvenue ao bairro trendy de Paris: Marais!

Parisiense da gema quer porque quer morar aqui. Um verdadeiro museu a céu aberto disputado pela classe média a preço de ouro (por volta de dez mil euros o metro quadrado).

Bairro construído pelos Templários, no século XII, sendo moradia para reis, rainhas, grandes escritores e até mesmo de um alquimista. O Marais é emoldurado por uma fantástica arquitetura aristocrática, renascentista e com vestígios medievais, ruas pitorescas, jardins secretos e palácios particulares.

Era uma vez um pântano...
Com o dinheiro arrecadado durante as Cruzadas, parte dos Templários veio povoar este pedaço de terras alagadas, em 1139. 


Parece que custou um século até que eles conseguissem transformar estas terras em produtivas e cultiváveis. Neste caso o nome, Marais, tem duas interpretações: Ao pé da letra significa pântano o que, de fato, era o bairro constantemente inundado pelo Sena. Porém, "Marais" costuma ser usado, também, para Jardin Potager onde há plantação de legumes e ervas aromáticas e foi isto que os templários fizeram por lá. Portanto, fiquemos (por enquanto) com os dois significados. 



Os Templários construíram uma espécie de vila com igreja, torre e palácio, que tomava boa parte do bairro, e viveram em paz com os reis da França até meados de 1.300 quando o rei Philippe, o belo, começa a invejar o status, condição e riqueza da ordem e decide persegui-los, aliado ao Papa Clemente V (também meio invejoso do poder dos cavalheiros protetores das Cruzadas), tirando-lhes tudo o que tinham, acusando-os, condenando-os e executando-os. Sempre a velha saída. 


O Templo ainda ficou de pé por alguns séculos, mesmo depois da destruição da Ordem dos Templários, e serviu como prisão para Luis XVI e sua família. Restaram os dois filhos, Louis e Marie-Thérèse. O filho do rei morreu, aos dez anos de idade, na torre do Templo e a filha, Marie-Thérèse, que viveu aprisionada por lá por 3 anos e meio, foi libertada e levada para a corte de Viena, em 1795. Ela ficou conhecida como a Órfã do Templo.

Como o local tornou-se centro de peregrinação dos simpatizantes da Monarquia, Napoleão mandou demolir todo o complexo, em 1808.

Infelizmente não há vestígios, mas é possível admirar uma maquete do templo no Museu Carnavalet. Também é possível ver uma linha azul, pintada no asfalto, indicando onde era, exatamente, o Templo.

Você deve estar perguntando por que fiquei descrevendo o lugar se não é possível mais visitá-lo. Somente para que você entenda os nomes de algumas ruas e saiba onde está pisando... Sorry! Você lembrará como foi válido ter lido isto em sua próxima visita ao Marais. :) Ou, não!

O bairro recebeu, também, colônias judias que abriram seus comércios o que acabou batizando o Marais como bairro dos judeus. Em seguida, com a abertura de galerias, lojinhas, boutiques descoladas e barzinhos o bairro atraiu a comunidade gay de Paris e o Marais, novamente, ganha a conotação de bairro dos gays.

Hoje, o Marais é o bairro branché de Paris.
Branché, ao pé da letra, significa "conectado".



Repleto de lojinhas, boutiques de toda sorte de coisas bonitas, galerias de arte, restaurantes charmosos, museus, música ao ar livre, jardins, excelentes cafés, hotéis e muitos brechós com muita gente bonita morando em seus edifícios (que parecem ter saído de livros encantados) é um lugar para se apreciar o "l ´air du temps"  de Paris.

L´air du temps? - Algo como tendência



O que ver no Marais?

O bairro lhe pede, ao menos, um dia inteiro. Somente museus fica difícil escolher e deixar algum fora da lista, como o Carnavalet que conta a história de Paris, o Museu Picasso (#proibidofaltar), o Pompidou, de arte moderna (apelidado de Beaubourg, nome da rua onde se encontra), a casa de Victor Hugo, também transformado em museu...

Além disto, não recomendo ir aos domingos porque todo ser que se encontra em Paris tem esta mesma ideia. Sim, fica cheio e apertado. O legal do passeio, neste dia, são os músicos na Place de Vosges... Doce dúvida!!!

O começo da visita pode e deve ser a partir da sede da prefeitura de Paris, o Hôtel de Ville (estação Hotel de Ville, linha 1), construído em 1871, em estilo neo-renascentista. Apreciando a fachada poderá observar estátuas de grandes homens franceses, como Voltaire.

Hôtel de Ville

Hôtel Carnavalet 

A origem do nome é curiosa: A viúva Kernevenoy, adquire a mansão após a morte de seu marido. De origem bretã e de difícil pronúncia, transformou-se em algo mais fácil: Carnavalet. Seu nome ainda pode ser visto na entrada do museu que não cobra ingressos. Para quem ama Paris esta visita é obrigatória!

Musée Carnavalet
São mais de 100 salas que mostram móveis, pinturas, esculturas que, através dos séculos, desenharam Paris, incluindo o escritório da Marquesa de Sevignée (1626-1696), relembrada por todo o bairro (nasceu na Place de Vosges e viveu muitos anos no Hôtel Carnavalet). Famosa pelas cartas que escrevia à sua filha tornou-se a maior escritora epistolar da França, já que suas cartas descrevem, perfeitamente, a história, costumes, sociedade, economia e política da França durante os anos em que escreveu. Entre 1670 e 1696 foram mais de 1.300 cartas.

"A Paris, ce lundi 15 décembre 1670

Je m´en vous mander la chose la plus étonnante, la plus surprenante, la plus merveilleuse, la plus triomphante, la plus étourdissante, la plus secrète jusqu'aujourd'hui, las plus brillante, la plus digne de´envie: enfin une chose dont on ne trouve qu'un exemple dans nos siècles passés, encore cet exemple n'est - il pas juste; une chose que l'on ne peut pas croire à Paris; une chose qui fait crier miséricorde à tout le monde..." 

Depois eu que exagero...Tudo isto para contar quem ia casar com quem... Brincadeiras à parte, adoro! 
16, rue de Francs-Bourgeois
Fechado as segundas-feiras (há várias salas fechadas por conta de reformas)

Hôtel de Sens

Outra  construção que vale a pena admirar e visitar é o Hôtel de Sens, que mais parece um cenário, em estilo gótico-flamboyant.
Uns dizem que sim, outros dizem que não, mas é provável que a rainha Margot tenha vivido por aqui.

O Hôtel de Sens era a residência do arcebispo de Paris, construído no século XV. Patrimônio Histórico de Paris, desde 1862, abriga a Biblioteca Forney que arquiva, sobretudo, affiches publicitários.
1, rue du Figuier  


Hôtel de Sens

Muralhas de Philippe-Augusto

Antes de partir para as Cruzadas, em 1190, Philippe Augusto manda cercar a cidade de Paris a fim de mantê-la protegida durante a sua ausência. Muros de 9 metros de altura por 3 metros de largura na base fecharam a cidade. Um bom vestígio fica no Marais.  



Rue Jardins-Saint-Paul

Centre Georges Pompidou

Museu de Arte Moderna de Paris expõe obras contemporâneas em um edifício, de 1977, considerado um dos exemplos de arquitetura high-tech dos anos 70, apresentando um contraste gritante em meio às pequenas construções milenares do bairro. Além das obras, é possível contemplar uma das mais belas vistas de Paris a partir do último andar do Museu enquanto aprecia um cup de champagne no restaurante Georges. Bom local para descanso dos seus pés sem perder nadinha de Paris.


Pompidou
Place Beaubourg
Fechado às terças-feiras

Aproveitando que está por ali, dê uma espiadela na Fontaine Stravisnky criada em homenagem às obras do músico. 

Place Igor Stravinsky

Museu Picasso

São mais de 5.000 obras, de um dos mais livres e expressivos gênios artísticos de todos os tempos, que mostram toda a trajetória do pintor, escultor, desenhista e escritor. O museu ficou fechado durante longos 5 anos e agora é a hora e a vez deste espanhol, naturalizado francês, voltar a brilhar com sua genialidade. O museu fecha as segundas-feiras e o ingresso custa 11 euros. Nestas horas é bom estar vivo!
Para abrigar uma obra deste porte, nada mais justo do que um dos palácios mais lindos de Paris. O Hôtel Salé que leva este nome por ter pertencido a um cobrador de impostos. Salé significa
salgado. 
5, rue de Thorigny

http://habituallychic.luxury/

Maison Victor Hugo

Para quem curtiu "O Corcunda de Notre Dame" ou "Os Miseráveis" esta é a casa do grande escritor Victor Hugo. Fica na Place de Vosges. Se quiser apreciar o que ele costumava dizer sobre Paris, aqui no blog você encontra alguns trechos.   

Village Saint Paul

Uma espécie de vila dentro do bairro parece intocado pela revolução "haussmaniana"(grande reforma de Paris feita pelo então prefeito Barão de Haussmann) de grandes bulevares com edifícios idênticos. Parece mesmo uma pequena vila do interior da França, repleto de galerias de arte.

A casa mais antiga de Paris e a Pedra Filosofal 

Datada de 1407, somente por esta razão já merece uma selfie. Mas além deste feito, pertencia ao famoso Nicolas Flammel. Sim, o alquimista que disse ter encontrado a Pedra Filosofal. Hoje em dia a casa abriga um restaurante, mas dizem que é meio caído. A selfie é só na fachada mesmo.
51, rue de Montmorency

A Praça mais Antiga de Paris

Finalmente é hora de dar uma volta quadrada em torno da Place de Vosges  construída em 1612 e considerada uma das mais lindas do mundo. Lá você pode flanar pelas suas arcadas e se deliciar com os músicos que oferecem verdadeiros shows ao ar livre. Se você gostar, fotografar e se entreter com eles, por favor, contribua com suas moedas.

O edifício central é mais alto determinando a presença real. 
Arcadas da Place de Vosges

Vestígios

O que eu costumo observar e namorar em meus passeios é a conservação de antigas fachadas, ainda que o interior do estabelecimento seja de outro tipo de comércio. Assim, poderá namorar vitrines de boutiques de moda em fachadas de antigas patisseries ou boulangeries ou fazer compras em uma papelaria que tem uma fachada de um antigo café, por exemplo!!! Repare! 

Marais

Há também os pequenos comércios que sempre foram e sempre serão os mesmos:

Marais

O estilo de quem mora aqui? Mais ou menos o exemplo abaixo:


O pessoal de lá ou que passa por lá é bem criativo também deixando algumas obras espalhadas pelos muros do bairro:


O que comer no Marais?

Um prato que lhe dará o tom da visita e uma de suas melhores lembranças do bairro é obrigatório: 
Falafel. Se a fila do mais concorrido deles, L´As du Falafel, estiver muito grande, vá no da esquina, mas vá. Tem que comer um para traduzir o sabor do Marais

É verdade que no fundo no fundo, tanto faz aonde você vai se sentar para almoçar. Vai ser bom!! Além do mais, o aperitivo já foi garantido com um enorme falafel que vale por uma refeição. Há dezenas de bons endereços no Marais.



Mas, estando em Paris vai querer arriscar um crepe, n´est-ce pas? Que tal o melhor?



Como é o melhor da cidade imagina-se que o mundo todo dê uma paradinha por ali, logo, reserve. Peça para o concierge de seu hotel reservar assim que chegar em Paris e peça a Galette Bretonne. Para acompanhar (#temqueser) uma cidra.
Breizh Café
109, rue Vieille du Temple
Fechado as segundas e terças-feiras 

Ao lado do café encontra-se a lojinha.

Sobre o Marchè des Enfants Rouges, muita gente adora o caráter pitoresco do lugar repleto de barraquinhas que servem toda sorte de lanches de diferentes origens. Lembra-me um pouco a parte de alimentação das feiras artesanais da Praça da República e da Praça Benedito Calixto, em São Paulo. Aliás, não vejo diferença, alguma. Como tudo vai de gosto, tempo, disposição e bolso, não indico nem indico. Quero dizer que não me acho apta para lhe dizer se você deve ou não visitar o Marché. Eu prefiro outros pontos. Mas voilá, este é o mais antigo mercado de Paris, aberto lá pelos anos 1.600 e o nome se deve a um orfanato vizinho ao mercado. 



Faltou lojinha?
Tanto na rue Sevignée quanto na Francs Bourgeois você irá encontrar um comércio com o espírito do Marais. Sim, todas as outras marcas estão por lá, mas dê uma checada do que traduz melhor o bairro. 

Olha só, em verdade, este post é uma "pincelada" no bairro. Muita riqueza, muita história e muitos detalhes, mas você pode aproveitá-lo como um fio condutor do que há de essencial para visitar no bairro mais disputado e charmoso da cidade e, entre um cantinho e outro, um mundo inteiro para descobrir por você mesmo.

Fontes:
http://spider95.canalblog.com/archives/2006/04/15/1707094.html
http://www.parismarais.com/fr/decouvrez-le-marais/histoire-du-marais/les-templiers.html

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